Prefeitura assume patrimônio imobiliário e cultural da Corporação Musical Santa Cecília

Imprimir PDF

Prefeitura assume patrimônio imobiliário e cultural da Corporação Musical Santa Cecília
Prefeito anuncia, ao lado do secretário de Cultura Mateus Sartori e dos maestros Lélis Gerson e Manassés Maximiano, o projeto de preservação da Banda Santa Cecília

O prefeito Marco Bertaiolli visitou, na tarde desta segunda-feira (16/05), o prédio da Corporação Musical Santa Cecília, no Centro Histórico do município, onde anunciou a assinatura do termo de comodato, concretizada na última quinta-feira (12/05) e que cede o imóvel para o município por um período de 10 anos. Anunciou ainda que a Prefeitura de Mogi das Cruzes passa a ser a gestora do projeto Banda Santa Cecília, garantindo assim a preservação tanto do imóvel como do grupo musical, que são parte do patrimônio histórico, arquitetônico e cultural do município.

“Não estamos falando apenas do patrimônio imobiliário, como também do cultural. É natural que as entidades enfrentem dificuldades na gestão de projetos como este e já vínhamos conversando com o maestro Manassés (Manassés Maximiano, presidente da Corporação Musical Santa Cecília) para encontrarmos uma solução. A conclusão foi de que a melhor alternativa é que a Prefeitura de Mogi das Cruzes assuma este patrimônio”, anunciou o prefeito, Marco Bertaiolli, detalhando que, a partir de agora, a Banda Santa Cecília passa a ser mais um projeto cultural gerido pela Prefeitura de Mogi das Cruzes.

Isto significa que, em parceria direta com o presidente e músicos da corporação e também com o auxílio e expertise do diretor musical do projeto Orquestra Sinfônica de Mogi das Cruzes, Lélis Gerson, bem como de outros maestros da cidade, a Secretaria de Cultura deve abrir editais de chamamento, para selecionar músicos, regentes e para a composição da diretoria, o que vai garantir a reestruturação e fortalecimento da Banda. Vale destacar que os músicos atuais poderão permanecer atuando junto à Banda. O presidente da Corporação Santa Cecília, Manassés Maximiamo, fica no cargo até o mês de setembro deste ano.

Bertaolli lembrou que este é mais um trabalho de recuperação e revitalização de prédios da área central, com o objetivo de preservação. “Fizemos um trabalho muito semelhante no Museu dos Expedicionários, também aqui no Centro. A Associação dos Expedicionários tinha dificuldades em manter o prédio, portanto a Prefeitura assumiu o imóvel, fez uma reforma completa e o devolveu à comunidade. O mais importante disso tudo é que estamos devolvendo um patrimônio de Mogi para os mogianos”, frisou, ressaltando que, para que a Banda continue cumprindo seu papel junto à história cultural e musical do município, os músicos devem ser de Mogi das cruzes. 

A Secretaria Municipal de Cultura já fez o levantamento cadastral do prédio e possui, portanto, um projeto arquitetônico básico. Agora, com a posse das chaves do local, será feito um levantamento mais preciso dos trabalhos necessários para a recuperação das instalações. O levantamento prévio já mostra, contudo, que será necessário reformar toda a fachada, que está em estado de deterioração, e também fazer melhorias na parte interna.

Os serviços na fachada serão custeados pela empresa Topus Terra, que já havia se comprometido com a realização dos trabalhos após o encerramento das atividades da Banda Santa Cecília. Serão feitas a recomposição dos caixilhos (portas e janelas), troca de vidros, recomposição de reboco, além de pintura. Já na sacada, a Secretaria de Cultura planeja fazer réplicas dos balaústres originais do prédio e também a restauração do brasão da banda, que ficava exposto na parte externa e atualmente está no interior do imóvel, em estado de deterioração.

Já na parte interna, os serviços serão custeados pela Prefeitura. “Ainda faremos um levantamento mais preciso, mas já fizemos vistorias técnicas aqui no prédio e identificamos alguns reparos que precisarão ser feitos no interior do imóvel. Eles envolvem acertos no telhado, assoalho, vamos retirar o mobiliário antigo que está em más condições e destinar alguns itens para equipar o prédio”, detalhou o secretário municipal de Cultura, Mateus Sartori. 

O prédio da Corporação Musical Santa Cecília foi inaugurado no dia 22 de abril de 1934. O terreno foi comprado no ano de 1933, à época por 1 conto de réis (1 milhão de réis), pela direção da banda, que já estava criada. Já o dinheiro para a construção do prédio foi arrecadado por meio de campanha, conduzida pela diretoria da Corporação. A inauguração da sede se deu em uma sessão solene, à qual compareceram 90 pessoas, entre personagens ilustres da sociedade da época, como José Cury Andere, Salim Elias Bacach, Nesclar Faria Guimarães, Galdino Alves, Isidoro Boucault, Argeu Batalha, José da Silva Pires, José Bonilha, Antonio Martins Coelho, entre outros.

O prédio tem 114,40 m² de área e, arquitetonicamente, tem estilo eclético. Ele fica no raio de proteção de 300 metros a partir das Igrejas do Carmo e está em processo de tombamento pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural, Artístico e Paisagístico de Mogi das Cruzes (Comphap). 

Histórico da Banda Santa Cecília

A Corporação Musical Santa Cecília foi fundada em 26 de maio de 1926, por um grupo de músicos advindos de outras bandas da época, como a Banda Guarani, a Banda União e Banda Euterpe, que havia recentemente encerrado suas atividades. Os responsáveis direto por sua fundação foram Benedicto Olegário Berti, Benedicto Augusto de Sant´Anna Andrade, Galdino Alves Pereira e Francisco Navajas. 

Antes de ter uma sede própria, a banda ensaiava na rua dos Bambus, nº 8, atual rua Maestro Julio Ernesto de Oliveira (próxima à Casa do Hip Hop, no Centro). A primeira apresentação oficial da banda foi no dia 22 de novembro de 1926. Em 1954 ela foi considerada, pelo então prefeito em exercício, Joaquim Pereira de Carvalho, como um bem de utilidade pública e, por muitos anos, foi tida como a banda oficial da cidade. A Banda Santa Cecília executava principalmente dobrados, maxixes, fox trot, tango, valsa, samba e hinos, em especial o hino próprio da Santa Cecília.

As apresentações aconteciam nas quermesses que eram realizadas no município e também em praças públicas e clubes. Na década de 80, era comum um grande público se reunir para assistir, no Largo da Matriz (atual Praça Coronel Almeida), “batalhas” entre a Banda Santa Cecília e a Banda Guarani. Rivais, muito embora fossem grandes os laços de amizade entre os músicos, os grupos ficavam frente a frente e executavam as mesmas músicas, uma na sequencia da outra, para a escolha da melhor. 

Na década de 90, a Banda Santa Cecília chegou ao seu ápice, com 42 músicos em sua formação e uma média de 12 apresentações por mês. À época, ela se apresentava todos os sábados no coreto do Largo Bom Jesus. Este foi um período fértil para a Corporação, que passou a receber uma safra de jovens e estudantes em busca de formação e possivelmente uma carreira profissional junto à música. 

A partir dos anos 2000, a presidência da Corporação passou a declarar dificuldades financeiras, ligadas principalmente à manutenção do prédio. A Banda Santa Cecília recebia subvenção mensal da Prefeitura no valor de R$ 15 mil, até que, em 2013, uma determinação do Tribunal de Contas do Estado (TCE) determinou que prestadores de serviço do município prestassem contas de seus gastos, apresentassem cronograma de trabalho, agenda de apresentações e efetivamente contratassem os músicos. Apesar das sucessivas ofertas de auxílio técnico por parte da Secretaria de Cultura, a banda não conseguiu se regularizar e encerrou suas atividades, após 87 anos de sua fundação. O prédio da sede, que já estava em más condições de conservação, foi fechado.

Manifestações da sociedade civil, da imprensa local e de apreciadores da história da cidade passaram a clamar pela volta da Banda Santa Cecília. Um grupo de músicos decidiu, então, voltar a ensaiar e já fez, inclusive, duas apresentações em abril deste ano. (LMS)
 



     

    Praça Mon. Roque Pinto de Barros, 360 - Centro

  Mogi das Cruzes/SP - CEP 08710-330

 

 
11  4798-6900 
    culturamogi@mogidascruzes.sp.gov.br    

 
 

             

 Cultura 
   Mogi

 

Cultura Mogi

  

Theatro Vasques

  

Centro Cultural

  

Cultura Mogi

  

Cultura Mogi